Ficamos em Lençóis e encontramos
nossos parentes que minha família não via há mais de 20 anos. Para chegar até lá, pegamos ônibus de Salvador (R$79) e sete cansativas horas de estrada. O município,
segundo informações, é o mais estruturado da Chapada e o único que comporta
todas as operadoras telefônicas.
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Tio Antônio (93 anos), e os filhos Alcides e Maria. |
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Primas! |
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Foto de fim de culto. P.s. Nem sabíamos que teria lanche. |
A aventura está lá fora
Após ficar um dia (re) vendo a família, meu tio-avô de
93 anos (mais forte que eu), primos e filhos de primos, pessoas queridíssimas, andamos na cidade e
conhecemos o Serrano, atração mais próxima à zona urbana.
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Repare na coloração dessa água e detalhe: limpíssima |
No dia seguinte, optamos por fazer o passeio típico da Chapada. (Obs: Baixei o aplicativo da Chapada Diamantina no celular, por indicação de um colega de faculdade e deu muito certo. Recomendo!). Como estávamos sem carro, fomos com um guia e seguimos estrada afora. Primeira parada: Poço do Diabo. Para chegar ao destino final é necessário um preparo físico razoável, devido a descidas íngremes e a travessia do rio Mucugezinho, por entre as pedras.
Meus pais ‘optaram’ por ficar no meio do caminho e
curtiram o rio por ali mesmo, enquanto eu, o guia e a Fernanda, mais nova amiga
de Salvador, descemos o trecho. Fomos em um sábado e talvez por isso, tinha muita
gente que ia e vinha, mas nada que afetasse o espírito
aventureiro.
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Com muitas pedras, meus acompanhantes ficaram no meio do caminho do Poço do Diabo |
Água gelada, profundidade de uns sete metros e a
coloração igual a do Rio Serrano: cor de coca-cola. Conheço pessoas que tem
pavor a rios que não consigam visualizar o fundo, por isso, para elas não é
legal. Como não nos importamos demos um mergulho e partimos, já que teríamos
ainda uns três lugares para conhecer nesse dia. Se estivéssemos com tempo de
sobra toparíamos a tirolesa, que custava R$ 30. Ficou pra próxima.
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Poço do Diabo - Essa coloração na água é a mesma do Serrano. Obs: Parece coca-cola |
Pé na estrada novamente e agora para um destino mais longe: Gruta Lapa Doce. Enfrentamos uns minutos de ‘pause’ na estrada devido a uma obra que resolveram fazer no fim de semana, o que atrasou um pouco mais nosso passeio. Já chegamos na hora do almoço e resolvemos comer por lá mesmo.
O local tem uma estrutura com um restaurante muito
arejado e bancos à sombra de uma árvore centenária, que ninguém sabe ao certo a
idade. Descemos para a gruta logo em seguida, ao meio dia. Para chegar até a entrada
da gruta é necessário descer muitos degraus. Haja joelho! #MeusPaisSuperParceirosAguentaram
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Gruta da Lapa Doce: ta chegando |
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Gruta da Lapa Doce - Apreciação de Estalactites e Estalagmites |
No passeio é só
alegria, a luz da lanterna, estalactites, estalagmites, um minuto de puro
silêncio e escuridão, pra quem não tem claustrofobia tá tudo certo. Para sair,
parecia que estávamos escalando escombros de um bombardeio. E na pressa de ver
a luz, ouvimos pela primeira vez a famosa frase “Sem pressa, você tá na Bahia”, maré que nos seguiu até o fim da viagem.
Quando terminamos de subir, o maior exemplo de
empreendedorismo que encontramos no Nordeste: uma barraca de água de coco. Depois
de subir e descer, no claro e no escuro, tudo o que você quer é água de coco. Ideia muito boa que deve lucrar bastante.
Ânimos recuperados – partiu Pratinha!
Confesso que me decepcionei à primeira vista. A
água, que pelas fotos se assemelha a um azul brilhante, estava esverdeada,
talvez pela superlotação que agitava o lodo. Pisávamos o tempo todo em algas e
essa não é uma das melhores sensações da vida. Estávamos convictos que a internet nos
enganara, até que decidimos por saltar na tirolesa.
Avistando de cima, encontramos o local paradisíaco
e por mais que estivesse em tons esverdeados, a vista é fantástica. Pena que
apreciada rapidamente pela velocidade da tirolesa de 13 metros de altura. Foi aí que encontramos a Gruta da Pratinha, a parte turística do lugar, e realmente o tom da água
longe de toda aquela agitação era um azul magnífico.
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Pratinha |
Demos o último mergulho do dia para rumar ao Morro
do Pai Inácio. Subimos metade do caminho de carro, pagamos a taxa de R$ 6 e
terminamos a subida a pé. Apesar da trilha, achei mais tranquilo que o Morro de
Santo Antonio (MT), por exemplo, que é mais baixo e mais íngreme.
O topo do Morro é enorme e por isso, vários grupos
podem se reunir de forma individualizada, sem atrapalhar as outras turmas. Nem
precisa falar que a vista vale a pena né. Pegamos o início do pôr-do-sol e não
ficamos mais, porque nosso guia recomendou que voltássemos. Descer a trilha à
noite, atrás de um mundo de gente não seria muito divertido.
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Os cactos do Morro |
À noite, depois de um bom banho, aproveitamos a ‘night’ de Lençóis. Restaurantes em uma encruzilhada de duas ruas,
as mesas fechando o trânsito de veículos e lojas de artesanato abertas até às
21h para atender aos turistas que ficavam o dia todo nos passeios. Na noite anterior
já tínhamos conhecido esse movimento todo. Sentamos em uma mesa na calçada e
pedimos algo comum para não sair muito fora da nossa ‘rotina alimentícia’: Uma
pizza, por favor!
Ela chegou e esperamos trazerem os pratos por uns
10 minutos, até que nos foi informado que comeríamos no guardanapo. Não temos
frescura, mas quem é de Cuiabá sabe que pizza em guardanapo ou na mão mesmo, só
em casa. Estranhamos, mas tudo bem né. Quando fomos pegar os pedaços que
realmente sentimos a diferença. A massa parecia pão sírio e o recheio longe de toda aquela gordura e queijo escorrendo. Por cima, cubos de calabresa e frango desfiado. Na noite seguinte, repetimos.
Devido a leveza, dessa vez foram duas pizzas para três pessoas. Barriga cheia, partiu
descansar para o outro dia.
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A "night" em Lençóis |
“O poço”
O poço azul era o meu passeio mais esperado na
Chapada Diamantina e até às 21h do sábado, não tinha grupo formado. Até que às
22h, o nosso guia informou que um amigo (todos os guias se conhecem e se
ajudam) tinha duas vagas para o dia seguinte. Eu e a Fernanda já nos
encaixamos e cedinho já estávamos de pé.
Antes de destacar a beleza exuberante do lugar,
vale ressaltar a estrada de terra, muito ruim. Segundo o nosso guia, são 10 km
que parecem 100 km. Confesso que por várias vezes tive dó do carro que
estávamos, por ser baixo demais. Na paisagem, casas de pau a pique, como nos
livros de história, e de vez em quando, um adesivo pró-Dilma.
Essa atração era a única que aceitava cartão.
Pagamos, vestimos o colete, tomamos a ducha, aguardamos a nossa vez, e
descemos. O poço é localizado em uma gruta que acessamos após encarar uma
escada íngreme de madeira. Já no primeiro degrau avistamos a uns 10 metros um
poço de cor azul turquesa, cuja água é tão limpa que possibilita enxergarmos as
pedras a uns 20 metros de profundidade, sob ela. Tivemos que tomar cuidado para
tamanha beleza não nos fazer tropeçar e cair escada abaixo.
Flutuando e apreciando esse cenário fantástico
avistamos uma abertura no topo, por onde os raios solares entram de abril a
setembro, e incidem diretamente na água. Aquela paz fez o mundo parar de girar
por 30 minutos. O melhor passeio que já fiz na vida e os R$ 30 mais bem gastos. Iria de novo sem sombras de dúvida.
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Poço Azul em outubro |
Depois de muitas fotos e flutuação, partimos rumo a
nossa última atração da Chapada: a Cachoeira do Mosquito. Antes, a parada pro almoço, que dessa vez contou com algumas particularidades da região: a Palma. Para mim, o gosto é muito semelhante ao da vagem, e diga-se de passagem é muito gostosa. Tivemos muitas oportunidades de experimentar, porque estava na farofa, refogada, misturada com a carne e etc.
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'Palma' pra toda obra
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Lá vamos nós encarar mais 100 km imaginários de estrada de chão. Pagamos a taxa básica (R$15) e rumamos ao estacionamento, para enfim pegar a trilha. Não sei se era o
acúmulo de cansaço ou a trilha era difícil mesmo, mas para chegar no pé da
cachoeira, a gente enfrenta uma descida sem fim. Sofri no início, só imaginando
a subida, que com certeza foi puxada.
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A última atração
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Apesar do esforço, a paisagem é incrível. A cachoeira é
escondida tipo em uma rua sem saída, água gelada e pedras esculturais. Encerramos
com chave de ouro e já deixamos espaço para retornar em breve.
massaaa!!! parece coca cola. kkkk
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