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Na década de 90, quando ainda era criança, lembro da minha mãe me trazendo papeis sulfite com mensagens motivacionais impressas para nos mostrar. Ela ficava toda feliz quando recebia e-mails com imagens e animações, no computador que ela recentemente começava a operar.
Com um trabalho mais braçal, o meu pai só conheceu o computador anos depois, mas ele foi o primeiro de casa a ter um aparelho celular. Um motorola preto que abria e fechava, hiper pesado para uma criança, e que tinha uma antena para ser levantada ao atender ligações. Meu pai o colocou em uma capa preta de plástico e o exibia na cintura por onde andava.
Tempos atrás criei uma conta conjunta nas redes sociais para que eles tivessem acesso a esse novo meio. Ensinei os principais comandos e funcionalidades: adicionar amigos, recusar amizades, ver stories, rolar o feed etc. Eles, já idosos, achavam tudo muito complicado e eu, da geração Y, me sentia útil ao ajudá-los.
Sou Millenial, até tempos atrás com muito orgulho. Afinal, sou da época da internet discada, do MSN, da evolução dos aparelhos celulares desde os tijolinhos da Nokia, até os modelos flips, os blackberries e finalmente os smartphones. Cresci junto com a tecnologia.
Contudo, eu confesso que essa nova geração e redes sociais tiraram um pouco do meu entusiasmo e segurança. Dei-me conta disso em 2021, no ano em que descobri que era cringe. Estava rodeada de adolescentes que sabiam “de cor e salteado” uma coreografia do tik tok. Eu, que ao menos conhecia a música, senti uma pontada no meu bigode chinês e nos meus pés de galinha à la 30 anos.
Estava ficando velha.
Não que 30 anos seja considerada uma idade avançada. Não para a saúde, mas para a tecnologia já sinto as teias de aranha se encostando e o tik tok tem a sua parcela de culpa. As coreografias, músicas e celebridades, a facilidade dos pré-adolescente em editarem conteúdo como um passo de mágica.
Alguns Millenials ainda conseguem acompanhar, mas não no mesmo ritmo Z, imagine quando a Geração Alpha crescer. É hora de nos adaptarmos à ideia de que não precisaremos chegar à melhor idade, para que os mais jovens nos ensinem sobre os atrativos tecnológicos.
Com a imensa procura por produção de conteúdo digital, já cogitei que daqui alguns tempos não será mais necessária formação alguma na área. Os diplomas em produção de conteúdo serão substituídos facilmente por uma demonstração prática da familiaridade com as redes, o que é intrínseco à geração atual sem quaisquer certificações.
Serão os adultos de 30 e 40, competindo com os jovens de 18 que já nasceram "tecnológicos".
Injustiça? Não, a simples e natural passagem do tempo, que para os millenials pode estar chegando.
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