Em um futuro não muito distante, Theodore, é escritor e redator de cartas sem sequer pegar em uma caneta ou digitar em um teclado. Tudo é feito por comunicação de voz. Separado e prestes a assinar os papeis do divórcio, ele divide seu tempo entre o trabalho e as tarefas virtuais e rotineiras como checar emails e se divertir sozinho ao videogame.
Com um fone no ouvido (que somente é retirado ao dormir) ordenando oralmente o que o computador deve fazer, Theodore se vê tentado a adquirir o sistema OS, a mais nova tecnologia que permite ao usuário ter verdadeiros diálogos com um sistema operacional inteligente, sensível e intuitivo.
Na primeira fase de instalação, é perguntado se a preferência seria por uma voz masculina ou feminina. É aí então que ele conhece Samantha, uma voz que, conectada aos dados virtuais de Theodore o conhece mais do que qualquer pessoa. Samantha lê os emails, conversa como se fosse real, chora, sofre, têm relações sexuais.
A semelhança com uma personagem humana e a carência do solitário escritor levam ao inimaginável, os dois começam um relação amorosa e virtual, mas que não é a única. Theodore é apenas um dos usuários de OS que chega a esse nível, tamanha a dependência tecnológica.
No filme de 2014, ELA, os diálogos se desenvolvem com duas vozes e apenas uma pessoa na tela. Não há muita interação física e pra alguns telespectadores pode ser angustiante. Ao meu olhar, por mais bizarro que seja, acredito que não esteja muito distante ou que já não aconteça.
A história talvez não seja absurda, visto que, já hoje pessoas gastam mais tempo interagindo com jogos do que com amigos e familiares. Há quem diga que a tecnologia aproxime as pessoas de longe e afasta as que estão perto. Há quem discorde, há quem a controle, há quem é controlado. O fato é que o filme intriga e pode levar à reflexão sobre o quão longe a tecnologia pode chegar e a nossa solidão também.
Spoiler*
Não podemos dizer que não foi um final feliz, mas deve ter sido traumático para Theodore, que foi "traído" por Samantha. A OS possuía outros 600 usuários "namorados". Não demora muito para que o sistema seja substituído e Samantha abandone todos os seus affaires desolados. Somente após isso, Theodore pode apreciar o pôr do sol. Sem fone, sem celular, sem computador, sem nada que o desconcentrasse desse passatempo gratuito e fascinante, que permite principalmente cultivar uma das mais belas dádivas humanas: o amor próprio.
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