"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos
Brilhou no céu da pátria nesse instante..."
[Em posição de sentido em respeito ao ritual, todos os presentes naquele auditório viraram-se para a bandeira e entoavam o hino nacional. Alguns mais contidos, outros mais exaltados, mas o volume da voz pouco importava já que o áudio do CD dava pra ser ouvido a longas distâncias. Daqui uns momentos iniciaria a formatura].
"...Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte
Em teu seio, ó Liberdade
Desafia o nosso peito a própria morte..."
[Comecei a refletir sobre a atual situação do Brasil. Recém-chegada de uma viagem e um pouco por fora do que estava acontecendo no mundo, deu tempo para me atualizar sobre o depoimento da presidente, que terminaria nessa semana e definiria o rumo do país]
"...Ó pátria amada,
Idolatrada
Salve! Salve!..."
[Que pátria amada é essa repleta de corrupção? Estamos no fervo de uma crise política, a maior do período pós-ditadura. E, se não bastassem os problemas na esfera federal, estamos em ano eleitoral e com alguns candidatos lastimáveis com a intenção de assumir o município]
"...Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce
Se em teu formoso céu risonho e límpido
A imagem do Cruzeiro resplandece..."
[Um sonho de colocar representantes que não utilizassem o dinheiro público para interesse próprio]
Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza
Terra adorada
[Nas olimpíadas, entoar esse hino era bem mais romântico, avistando as medalhas de ouro dos bravos atletas. Lembrávamos das conquistas apesar das dificuldades, da natureza esplêndida, das praias, montanhas, clima... Brasil, nosso orgulho. Mas, havíamos nos esquecido temporariamente do lado podre, da ausência de alguém que realmente nos orgulhe ao assumir um cargo político, dos escândalos de corrupção, esquecemos da crise instalada, da economia fragilizada e da falta de esperança]
Dos filhos deste solo és mãe gentil
Pátria amada, Brasil!
[Bateram palmas. Como podem bater palmas ao final do hino? Mas depois pensei melhor... Quem dera esse fosse o maior desrespeito à bandeira].
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