Pop Gospel

Ser evangélico virou moda e isso se reflete no aumento expressivo de quem se considera "crente", pelo número de denominações espalhadas pelo país, e pelo mercado consumidor que esse público gera. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 22,2% da população brasileira se nomeia assim (dados do Censo 2010).

Qual o perfil desse novo ambiente gospel?

Basta observarmos as redes sociais, ouvir as rádios ou frequentar alguma igreja para conhecer nominalmente as celebridades que estão no auge. Youtubers, cabelos estilosos, roupas que seguem as tendências, piercings e tatuagens. Ao fundo, uma música que relembra a MPB, um violão, e uma percussão de acompanhamento.

Alguns sem muito dinheiro para a produção apelam para os vídeos caseiros, lançam em uma rede social e logo consegue uma multidão de seguidores. Algumas letras voltadas para o bem –estar, auto – ajuda, e para lembrar que Deus sempre está conosco. Um Deus que não se importa com o seu pecado, bastando você pedir perdão toda vez e fica tudo certo.

"Mas porque a igreja repreende um membro que adere a moda 'alternativa' e permite que as canções de um artista adepto a esse mesmo estilo de vida sejam tocadas em seu templo?"

Ouvir músicas desse tipo é pecado? Não, mas o evangelho é mais que isso. Um grupo de evangélicos que serve apenas para fazer volume em shows, em perfis “crentes”, em cultos, postar mensagens bíblicas na internet, fãs de determinados artistas e fiéis compradores do mercado fonográfico não acrescenta em nada.

Essa nova perspectiva de cristianismo provoca um choque, pela mudança de foco daqueles que tem se esquecido de analisar o conteúdo de uma canção ou o testemunho de um pregador, para seguir um artista que usa uma roupa legal, ou que todo mundo está escutando, um pastor pop que atrai multidões e uma igreja que seja liberal.

Capa de reportagem da Revista Veja em 2012

Temos que ficar alertas para não permitirmos que o nosso foco sejam músicas que massageiam nosso ego, amaciando nosso ouvido e coração e fazendo o pecado ficar confortável. Para que não prefiramos os pregadores simplesmente engraçados, e as pregações que nos acalentam no momento de dor.

Até porque a moda passa e quem vive por ela, amanhã pode estar de outro lado.

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