'Colored people' manchadas de vermelho

What happened com a luta histórica pelos direitos civis dos negros norte-americanos?
What happened com o respeito às diferenças raciais?
What happened com os discursos de Martin Luther King?
What happened com o sonho de um mundo igualitário?


Eram 07h15 da manhã e eu escutava o noticiário da Rádio enquanto ia ao serviço. Neste o jornalista narrava os últimos acontecimentos que aumentaram o embate entre negros e brancos nos Estados Unidos. Cinco policiais foram mortos após a morte de três rapazes e, segundo o jornalista, devido a discriminação racial. 

Em outras épocas, me sentiria distante da situação, lamentando pelas mortes, mas não ao ponto de discorrer a respeito. Porém tempos atrás, assisti ao documentário "What happened Miss Simone?",  no Netflix (uma das melhores coisas que inventaram ultimamente), que aborda o retrato da sociedade norte-americana do período de 1960, especificamente a sociedade em torno de Nina Simone, exímia cantora de jazz, que influenciou várias gerações de artistas.

Simone, dedicou parte de sua carreira para a abordagem de questões sociais. Devido ao seu posicionamento político e social, a artista foi excluída de eventos e projetos, e cada vez mais "deixada de lado". Os organizadores e produtores tinham medo que seu ponto de vista não agradasse aos convidados. Sua escolha por lutar pelos ideais da população negra a retirou do pódio, e foi um dos principais problemas que a afastou dos palcos.

Enquanto Simone usava o seu talento musical, John Kennedy - presidente branco defensor da igualdade racial - foi assassinado; Martin Luther King - maior ativista negro da história norte americana - pregou os ideais que nortearam a busca pelos direitos civis da população negra e liderou brilhantemente em prol de uma sociedade mais justa. O ícone da luta também foi covardemente assassinado. 

Luther King e a busca pela igualdade racial também foram retratados no longa - metragem hollywoodiano "The Butler" (O Mordomo da Casa Branca), que faturou com louvor U$$ 100 milhões nas bilheterias norte-americanas. O filme aborda a submissão dos negros em relação aos brancos, e vai além ao trazer o embate dentro da própria sociedade negra, entre os criados - vistos como passivos perante o abuso moral - e os ativistas que confrontavam as leis da época. 

Ao final de "The Butler" não podia falta o apelo patriótico, e a felicidade da comunidade negra ao ver eleito o primeiro presidente negro dos Estado Unidos. Mas ter um homem no mais alto escalão basta para exterminar com o preconceito histórico de toda uma nação?

O cenário de 1960: Sul dos Estados Unidos da América, o mesmo em que os policiais foram mortos ontem, em 2016. Dallas (TX), foi a mesma cidade de falecimento de John Kennedy em 63. O intervalo entre as mortes data de 56 anos, e a luta pelos direitos civis permanece. Nesse período houveram conquistas, sem sombra de dúvidas, mas não há como reagir normalmente ouvindo relatos de discriminação racial em pleno século XXI, seja o preconceito explícito como nos Estados Unidos, ou o velado no Brasil. 

Não nos definimos por cores, mas por caráter e essa é uma discussão mais profunda e justa.




"Somos um povo colorido e vivemos em um lugar corrompido
Somos um povo colorido e somos chamados de raça humana
Temos uma história tão cheia de erros
E somos um povo colorido que depende da Santa Graça"

DC Talk


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