Um atípico frio em outubro coincidentemente em um feriado e a necessidade por treinar os ouvidos para diálogos franceses me levou a assistir “Samba”. Apesar da previsão para lançamento nos cinemas brasileiros ser em novembro de 2015, o filme é de 2014. (Só para ter uma noção de como somos atrasados nesse eixo cultural).
Enfim, sugiro que quem tem a
intenção de vê-lo no cinema, não leia esse texto. Ou pelo menos, àqueles que
preferem o ineditismo.
O longa-metragem aborda quanto a
problemas comuns da imigração, com o recorte espacial da França, girando em
torno do protagonista Samba Cissé, um senegalês há 10 anos em território
francês que sonha por conquistar seu certificado de cozinheiro.
[Por sinal, o ator Omar Sy,
leia-se Intocáveis, que representa o papel principal é fantástico. Realmente
uma estrela do cinema francês. O tema do filme é muito bom, mas valeria somente
por ele].
Apesar do sonho, Samba trabalhou durante todos
esses anos como lavador de pratos e a ausência de um visto permanente o impediu
de realizar seu sonho. Nessa luta por sobrevivência em uma terra que
possibilite que tenha uma vida melhor e permita que envie dinheiro à sua
família na África, Samba conhece Alice, uma executiva obrigada a cumprir
trabalhos sociais após viver um período de estresse no emprego, quando chegou a
agredir um colega.
Ele em busca de sua integridade
física e moral e ela debilitada psicologicamente, se completam e somente o
final do filme irá determinar se ficarão ou não juntos. Apesar do romance
explícito, o longa é ótimo para aqueles que pretendem tentar a vida fora do
Brasil. Claro, que o filme é uma ficção, mas de acordo com relatos de
imigrantes e aproveitando que esse tema está amplamente discutido, é bom
avaliar como é a vida fora do país de origem.
Como todos sabem, o Brasil têm
inúmeros problemas desde sua colonização, na divisão da terra em latifúndios,
na escravidão que se tornou implícita a partir da assinatura da Lei Áurea, e de
problemas políticos resultantes da corrupção que não é de hoje. Mas, escolher
um país melhor estruturado, que tenha transporte público, educação e saúde de
qualidade, se sustentando e por mais que conseguindo enviar dinheiro para a
família, nem sempre é a melhor escolha.
Não desmerecendo tais profissões,
mas adquirir com muito custo um diploma para ganhar a vida enxugando mesas e
lavando pratos, tem muito impacto psicológico. Hoje, as pessoas já mudaram
muito o conceito quanto a enxergar uma vida no exterior como conto de fadas,
mas ainda tem gente que acha “a grama do vizinho, mais bonita”.
Com isso, desvalorizamos as
facilidades de morar na terra da língua materna, para se mudar para um país
estrangeiro que possui uma colônia de brasileiros, que mesmo apesar de viver anos
longe de casa não conseguem a fluência do outro idioma.
Os brasileiros são simpáticos, espertos
e na maioria das vezes, conquistam os nativos. E essa qualidade de povo
hospitaleiro não precisa ser descrito no filme, apesar de sermos elogiados em “Samba”
e em outras produções.
Os problemas sociais, econômicos
e políticos não conseguiram tirar a nossa alegria nata, mas arrancou pela raiz
o nosso patriotismo, pelo menos na maioria de nós.
Comentários
Postar um comentário