Detox (nando) meu bolso!

Nesse mundo de hoje, a moda é ser fitness. Comer coisas saudáveis, ir à academia, frequentar parques de caminhada, evitar a ingestão de carboidratos, se alimentar a cada três horas, abolir refrigerantes e tomar sucos naturais... Opa, volta! Tomar suco natural? Não tá fácil, gente.

Nos esparsos intervalos de meus raros flashes de querer me tornar uma pessoa melhor, calculei o alto custo que isso exige. A mão de obra para fazer um suco, por exemplo, é caríssima. Enquanto uma “ks” com coca-cola até na tampa, transbordando açúcar e elementos que corroem até porcelanas em banheiro (experimentos já testados), custa em média R$ 2, um suco natural com aproximadamente o mesmo volume de líquido te custa o dobro.

Pegar a laranja no pé, colocá-la junto a um saco com outras 30, vendê-la na feira, espremê-la no restaurante e derramar no copo, sem o mínimo trabalho de adicionar gelo ou açúcar é muita função. O que explica o valor superfaturado. E pra quem já achava muita a diferença entre um singelo e saudável copo de bebida natural com a diabólica garrafa de coca, imagina quando tal pessoa se deparou com o famoso Detox.

Aquela garrafa de líquido verde escrito “Gengibre – Laranja – Couve” olhou pra mim e disse “Venha ser saudável”. Não resisti, pedi o suco, tomei e quase chorei quando descobri o valor. O triplo do que eu, acomodada, pago por um suco também natural, de laranja. Os R$ 12 entraram no meu ouvido, ressoaram por todo o meu corpo e como uma lança, dilaceraram o coração.

Há boatos que dizem que eu sou “mão-de-vaca”, “muquirana”, “mão fechada”, e entre outros nomes utilizados por intriga da oposição. Mas pagar aqueles R$12 foram o cúmulo do absurdo, e eu amortecida pelo impacto, pensava em tudo isso, enquanto digitava “longe de mim” a senha daquele cartão.

 Essa fatídica experiência me levou a uma pergunta simples que era pra eu ter feito desde quando essa moda pegou. O que dá pra fazer com R$12? Revendo minha história e perguntando a amigos igualmente chocados com esse rombo, tirei a conclusão que poderia ter trocado aquela garrafinha de 500 ml em três filmes no Cinemark (segunda-feira, claro); 12 dias de almoço no Restaurante Universitário; ido, voltado e ido de novo pra minha casa de ônibus em Cuiabá (R$3,10); 24 paçoquinhas pro Clóvis; 37 ovos no mercado perto da casa da Lígia; 3 pacotes de feijão pra casa da Fabyulla.

E pra mim, isso já foi o suficiente. Não quero mais fazer contas, nem ouvir essa palavra “suco verde” tão cedo. O fato é que o mundo quer que sejamos saudáveis, mas não colabora. Faça uma Dukan pra comprovar se seu bolso consegue se manter em três dias comprando proteínas, trocando R$2,50 de uma KS por R$5 de um suco (nos lugares que você achar um suco natural, senão tem que ser a amada água, que sempre nos salva). Se não quiser tentar algo tão radical, experimente o básico: trocar um refrigerante por um suco Detox.


Um dia voltarei para esse mundo fitness que nos cerca, preferencialmente quando tiver mais dinheiro. Enquanto isso, vamos brindar a vida com um delicioso refrigerante dourado trincando de gelado: Tim! Tim! Saúde!!

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