Nesse inverno de 2015, chegaram as tão desejadas férias e com elas a dúvida de "para onde iríamos". Escolhemos rever uma antiga amiga que se mudou da Cidade Verde há três anos para a montanhosa Belo Horizonte. Já na chegada, fomos recebidos por morros imensos e uma paisagem verde rodeada por casas e construções, uma rodovia de asfalto impecável e pessoas mega amorosas.
Nas primeiras horas em solo mineiro, fomos recebidas com o que chamam de "Trânsito Garrado", "cuiabanamente" falando, um congestionamento. E sobe morro, até chegarmos no bairro Tupi, onde essa nossa amiga morava. Conversas e mais conversas com os anfitriões e rumamos ao centro da Cidade. BH é enorme e as suas construções históricas belíssimas.
A primeira parada foi a Praça da Estação e o Museu de Artes e Ofícios anexo a ela. Visitamos uma exposição sobre desperdício e tiramos fotos, muitas fotos, de lado, frente, costas, no chão ou no ar. Graças a câmera emprestada do cunhado (Obrigada Cunhaaa!), que também registrou a visita à Praça da Liberdade e ao Museu de Minas e Metal. Aproveitamos o primeiro dia para comprar as passagens pro Espírito Santo. Nunca tínhamos ido nesse Estado e com isso, iria preencher a lista de visita nas capitais do Sudeste. Pra Fran falta só São Paulo.
No Museu das Artes e Ofícios - ao fundo Praça da Estação |
Exposição no Museu de Minas e Metal |
Ao fundo Praça da Liberdade |
Exposição sobre Tabela Periódica no MMM |
A pedra mais bonita que já vi - MMM |
Jardim na Praça da Liberdade |
Ao fundo, Praça da Liberdade |
Passagens compradas e à noite #PartiuVitória. Fran como sempre curtindo muito os trajetos. Não que eu não dormisse, mas ela nunca estava acordada pra registrar esse meu momento. Enfim, após uma noite toda de muito frio, graças ao motorista do ônibus que deve ter colocado o ar, em uma temperatura inabitável para cuiabanos, chegamos semi congeladas na capital capixaba e já descemos no início dela, onde fica a Rodoviária de Vitória.
Mochilas prontas, cabelos penteados, cadarços amarrados. Próxima parada: encontrar o hotel. Estávamos nós ali "sozinhas" (Deus sempre na frente), em uma cidade desconhecida, sem saber como chegava em qualquer lugar, mas como quem tem boca vai à Roma, pegamos um ônibus do outro lado da avenida e chegamos ao Aeroporto de Vitória, que era próximo ao Hotel.
"Bingo!" A Fran gritou quando pisamos na sala de desembarque. Era um tumulto de vozes e pessoas, uma gritaria, que aquela expressão foi a mais adequada ao momento. A tentativa de pegar o wifi foi frustrada, mas podemos mexer no celular em um lugar "seguro". Não mexer no celular na rua foi a primeira orientação que recebemos ao descer no Sudeste. Os "malandrin" (termo mineiro) conseguem roubar os aparelhos dos desavisados que distraidamente mexem sentados nas poltronas próximas às janelas dos ônibus.
Hall do Aeroporto Eurico Salles |
A mais próxima era a de Camburi! Era a terceira vez da Fran em frente ao mar. Ainda bem que a primeira experiência foi maravilhosa, em Recife, Porto de Galinhas e em Maragogi (AL). A areia de Vitória é mais grossa e escura, o mar agitado afugenta as famílias de banhistas e atrai apenas surfistas, ainda que em áreas específicas. Parte da Orla é imprópria ao banho, devido a poluição. Do lado esquerdo já avistamos várias empresas à beira mar exalando fumaças e tóxicos naquela visão que deveria ser do paraíso. Acho que pior que morar em uma cidade sem praia, deve ser morar em uma com praia e não poder entrar.
Mas enfim, a vista é linda e o gosto da água também é maravilhoso segundo minha parceira de viagem, que no dia seguinte decidiu experimentar a água salgada mais uma vez ("Jamais!" segundo ela, em resposta ao texto). Não contente por ter sido derrubada por ondas em Copacabana, resolveu ser levada novamente em Vitória, dessa vez sem a companhia da Thau. Mas antes de chegar essa cena, muita coisa aconteceu.
Exposição de Dinossauros no Shopping Vitória |
Andamos, almoçamos e compramos a bendita. Até que decidimos ir ao cinema, enquanto esperávamos dar o tempo do check-in. Estávamos cansadas demais pra conhecer mais lugares, após duas noites em trajetos. Resolvemos ir ao cinema, e a Fran escolheu meditar enquanto o filme não começava. Que filme? Não lembro! Só sei que acordei na metade querendo sabe o nome das personagens, quando cutuquei a irmã ao lado, ela levou um susto tão grande, porque estava em uma dimensão mais profunda que a minha.
Já menos medrosas e mais descansadas, voltamos a pé pela orla de três praias: Ilha do Boi, Praia do Canto e Praia de Camburi, tomando água de coco e catando conchinhas. Conseguimos chegar ao Hotel após cerca de 30 minutos caminhando. Deitamos às 18h com o intuito de acordar pra jantar às 20h. Comecei a rir quando olhei no relógio. Marcavam 00h53. Dormi de novo. A irmã foi acordar somente depois de 12 horas seguidas.
#PartiuGuarapari, mas antes, nada melhor que aproveitar o delicioso e diversificado café da manhã do Quality Hotel (uma propaganda grátis pela nossa excelente estadia).
Praia da Areia Preta |
Ir no Espírito Santo e não conhecer Guarapari é igual ir a Mato Grosso e não visitar Chapada dos Guimarães. Nos orientamos sobre como chegar e pela manhã partimos pra linha de partida do ônibus, em frente ao Aeroporto. E da-lhe Chuva!!! O trajeto demora cerca de uma hora, é tipo Cuiabá - Santo Antônio e nos deixa no centro de Guarapari. A cidade é maior do que eu pensei. Com uma orla repleta de prédios e uma baita duma estrutura, se for levar em conta que é cidade do interior. Muita gente circulando pelo centro e poucos turistas se arriscando naquele clima de vinte e poucos graus.
Sentamos nas pedras, nas praias, andamos na orla, comemos no Shopping (quase uma galeria com três andares, mas chama Shopping) e conhecemos novas pessoas. Praia dos namorados, Praia das Castanheiras, Praia da Terra Preta, belíssimas, entram então para a lista das praias visitadas. À noite, já em Vitória, voltamos a Praia, onde corremos e demos um mergulho no mar. Quando pisamos na calçada, da-lhe chuva!! No dia seguinte iríamos pra experiência mais inédita de toda a viagem: o Trem!
Cedinho, um táxi nos deixou em Cariacica, região metropolitana de Vitória, onde é localizada a Estação Ferroviária da Vale, que liga Vitória a Belo Horizonte. O relógio marcava 7h em ponto e o trem saiu. Que emoção! Nunca tínhamos andado disso antes! Que aventura! Estamos no maior trem de passageiros à longa distância do Brasil. Fran, tira uma foto minha que eu tiro uma sua. Olha lá o outro trem. Que paisagem linda!!!
"Vou-me embora pra Pasárgada/ Aqui eu não sou feliz/ Lá a existência é uma aventura/ De tal modo inconsequente/ Que Joana a Louca de Espanha/ Rainha e falsa demente/ Vem a ser contraparente/ Da nora que nunca tive". Foi Manuel Bandeira que inspirou o nome do lugar e que mulheres fantásticas. Pintam, costuram, leem, viajam, conversam, bordam. Fomos conversando sobre tudo até que elas desceram em Governador Valadares, já às 13h30. Enquanto elas nos explicavam sobre as lendas dos lugares em que passávamos, ensinávamos a tecnologia do smartphone que pouco dominavam.
Nos contaram sobre as dificuldades da viagem de trem quando eram crianças e sobre as suas histórias de vida. Foi uma troca mútua e sincera. Mas elas desceram... e Fran resolveu meditar mais. Conhecemos todos os vagões e comemos no vagão do Restaurante. O único ponto negativo que achei foi da poltrona que não reclina. O seu Agenor que trabalha na Vale há 18 anos disse que o modelo foi feito na Romênia, ótima iniciativa, só um problema, o trem da Romênia não viaja por tantas horas seguidas, e que é desumano pra uma viagem tão extensa. Concordamos e resolvemos aprender mais sobre o meio de transporte.
Naquele dia, o trem estava com 11 vagões de passageiros, três da parte executiva, lotados basicamente por uma excursão do Rio Grande do Sul. Ao todo, eram 800 passageiros, mas em alta temporada pode chegar a 1500. O trem é movido a diesel e a energia. Esses pontos de energia estão ao longo da linha férrea, com uma distância aproximada de 1,5 km entre um e outro. Uma vez, em Aimorés, houve uma chuva tão forte que os passageiros esperaram por quatro horas, até que veio uma van e deixou cada um na respectiva estação.
Todos sabem que a Vale paga bem e o Seu Agenor não discorda, mas ele citou a frase- chave. "Aqui você leva o ouro e deixa o couro". Voltaria somente depois de dois dias para a cidade em que reside: Governador Valadares e teria folga somente 4 dias depois. O preço que se paga.
Voltamos a BH e tínhamos dois dias pra conhecer o que faltava. No final de semana fomos ao BH Shopping, ao Parque Municipal, Mineirão, Lagoa da Pampulha, Parque Guanabara, Sesc Palladium, Praça do Papa, Feira Hippie, Mercado Central e pra fechar a viagem a Igreja Batista Lagoinha, sede do Ministério Diante do Trono, um dos mais antigos e reconhecidos do meio cristão.
Mineirão |
Lagoa da Pampulha |
Parque Guanabara |
Fran tocando Amélie Poulain no BH Shopping |
Parque Municipal |
Sesc Palladium |
Fran dando uma de modelo, na Praça do Papa |
Mirante da Praça do Papa - Outra BH |
Bala da Algas na Feira Hippie |
Andamos de BRT, metrô e ônibus, e em alguns desses lugares, nossa amiga não pode nos acompanhar devido a outros compromissos, por isso, foi uma experiência de independência fantástica. Procurar o ponto de um ônibus no centro de Belo Horizonte, à noite, não tem preço. No último dia, já estávamos nos sentindo mineiras. Perguntávamos pra qualquer pessoa como chegar nos lugares, sabíamos as principais linhas que passavam nos pontos turísticos, tudo com nosso sotaque cuiabano maravilhoso, impossível de alguém duvidar que não éramos dali.
Mas no fim deu tudo certo. Como tudo com Deus sempre dá. E nos convencemos que nosso propósito ali foi ouvir -lO. "Somente conseguiremos alcançar a plenitude de Deus quando vencermos a nossa própria mente. As guerras que acontecem dentro dela nos impedem de enxergar a vontade Divina" Pastor desconhecido, que pregou no culto das 15h, do dia 16 de agosto, na Igreja Batista Lagoinha.
Pra fechar... A música da Viagem:
"Que nos lava dos pecados
Que nos traz restauração
Nada além do sangue
Nada além do sangue de Jesus
Que nos faz brancos como a neve
Aceitos como amigos de Deus
Nada além do sangue
Nada além do sangue de Jesus
Eu sou livre..."
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