A atual situação do ensino no Brasil é crítica. Os parâmetros curriculares nacionais
não estão em consonância à nossa realidade. As diretrizes educacionais
poderiam ser equiparadas a utopias ao adentrarmos em diversas escolas públicas
de nossa sociedade. Um ensino
degradado por fatores como professores despreparados e/ou sobrecarregados,
materiais desatualizados, turmas excedidas, indisciplina, insegurança e acima
de tudo a falta de recursos por parte do governo que, nos últimos anos, vem
cortando cada vez mais a verba direcionada à educação e deixando mais precária
a condição escolar.
Enquanto isso, vemos nosso sonegômetro chegar a um pouco mais de 198
BILHÕES (olhem vocês mesmos: http://www.quantocustaobrasil.com.br/), isso só
nos primeiros cinco meses de 2015. Samba, bola no pé, sol, praias e
churrascos, mas acima de tais qualidades, uma anomalia... A corrupção.
Como se não bastasse, chegamos ao ensino ciclado, cujo não
objetiva excluir os alunos, mas mantê-los na escola. Um dos motivos é a
desmotivação do estudante pela diferença de idade, muitas vezes porque não teve
condições de estudar. Mas é assim, generalizando, que se resolve o problema? Nesse tipo de ensino, o que importa é a
idade e, se uma pessoa tem idade para estar na série seguinte, então ela vai
para a série seguinte sem se preocupar em ficar retida, sem conhecimento
suficiente ou compatível, iludida, como "um qualquer" que tem reconhecimento
e entra na política, mesmo não sabendo de nada, sequer de administração
pública.
Fale para o funcionário de uma empresa que independente do que fizer, receberá o devido salário, em tudo o que precisar, o patrão o ensinará, e muito provavelmente o verá chegando atrasado para dormir um pouco mais, matando serviço, não se empenhando, afundando a empresa e agindo como se fosse insubstituível. Queridos, nossa realidade não deve ser comparada à europeia, estamos bem longe disso.
Um professor não pode gritar, não tem direito de expressão,
pois opiniões podem influenciar, não pode tomar um aparelho daquele
"abençoado" que atrapalha a aula, mas pode ter muitos
alunos, pode ser processado, pode
ouvir de todos que não é ninguém, mas e o que ele deve? Depois de estudar muito
e prestar um concurso de nível
superior para a
"carreira docente", ele deve trabalhar 40 horas/semanal (normal), ter
suas 10, 15 turmas, seus mais de 300 alunos, preparar suas aulas, corrigir um
por um dos trabalhos e das provas (coitado do professor de português que
trabalha com redação), rever sua metodologia para trabalhar com todo tipo de
aluno, fazer seus diários, participar da formação docente continuada, sempre
estar atualizado, ir às inúmeras e inúmeras reuniões de conselho, aliás, ninguém
chega tão longe sem um professor, cujo ainda deve ser mãe e pai, educar os
filhos de muitos irresponsáveis que só aparecem nas últimas consequências ou
quando os filhos reprovam, e quando chegam, chegam querendo bater no professor.
No fim das contas, aquele que faz tudo isso, deve, com a vida, aprender a viver
com seu pouco mais de dois salários mínimos, cuidar de sua família, de seus
filhos, criá-los, pagar suas contas e talvez arrumar um tempo extra para ir a algum
lugar barato.
Continuando... Pois bem! Se o ensino ciclado é TÃO BOM, apesar do resultado vergonhoso do Ideb com a prova Brasil, realizada nos últimos anos com ensino fundamental em Mato Grosso, mostrar que estamos abaixo da meta, por que não levamos esse método para dentro das universidades? Olha! Ninguém reprovaria, não precisaria ficar noites e noites lendo ou quebrando a cabeça, nem iria às aulas de campo, nem precisaria ter preocupação com o ENADE, estudar tanto pra quê? Só pra sustentar essa corrupção? Claro! Ainda tem muita, mas muuiiita gente boa nesse país.
Quem sabe, quando todos tiverem certa idade, possam optar por ser médicos, operar seus filhos, realizar plásticas, é facinho! Ou dar aula, mesmo sem muitas vezes, ter estudado, todos sabem que vão passar mesmo. Ser juiz, uma das autoridades jurídicas, mandar aquele tipinho "mofar" na cadeia. E concurso? Ah, com tanto dinheiro criando perna, provavelmente, seremos um país privatizado, isso é outra longa discussão.
Enfim, em relação às redações da vida, grande parte de
nosso povo brasileiro dá um vexame. Fadados, cada vez mais ao estereótipo de um
país sem leitura.
"Não sabemos escrever, pois não sabemos ler." (Um discurso comum).
"Ler ou não ser" é o tema de uma das placas de formatura que encontramos pelos corredores do Instituto de Linguagens, da universidade federal de Mato Grosso, em Cuiabá, essa deveria ser a frase conhecidíssima dita por Sócrates.
Diante de tais fatores, é necessário, além de novas
políticas educacionais, materiais atualizados e contextualizados, profissionais
motivados com sua carreira, alunos estudando em sua devida série, e
também, maior fiscalização em relação aos repasses, para que o direito humano à
educação seja, de fato, garantido.
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