Sem borracha

Noites que pensam, dias que escrevem, tardes que apagam,
Mentes que penam, tempos que intervem, corpos que se acabam,
Acabam sem dizer, sem nos motivar, sem nunca surpreender,
Nem no alvorecer, nunca faz sonhar, nem amadurecer,
Vive o que foi bom, esquece que é passado e para no tempo,
Arruína qualquer som, que preza e canta ao consagrado, cada tom em seu momento.
Coragem que encantaria, se a tempo se mostrasse, enfrentando a covardia.
Até sonhar faria, se ao menos tentasse, ser mais que o plágio de uma simples apologia.

Falta de ideias, falta de conclusão.
Pensa, escreve, apaga,
Sabe sempre o que faz, mesmo sem razão,
Mostra sempre o lado do nada,
Então guardo o que importa, escondo mais um arranhão,
Tranco a porta após a escada,
Que subi com empolgação,
Para cair a lágrima sufocada
Por uma escuridão.

Até o lápis precisa de cautela.
Para não se arrepender, tem sua restrição.
A arte do engenho pode ser dura e bela,
Aponta e desaponta, o silêncio de borracha bem em cima da razão,
Mesmo que a jogue fora ou no fundo de uma cela,
Para que o agora seja sem opressão.
Mas a verdade sempre aparece acredite nela ou não.

O outro lado ainda importa, por isso desce na goela,
Política, ciência, tecnologia, atualidades, religião.
Aula, é o que a vida dá quando chuta sua canela,
Restando a fé que guarda o coração.
Ah! Meu lápis... pobre coitado!
Quando depende de próximos sentimentos,
Nesses dias, quase vive calado,
Sem um posicionamento.
Por esperar ser impressionado,
Por quem a nada fica atento.

Mas logo, reescreve, recria,
Lembra, relembra e entristece,
Esquece, anima e escreve,
Para, pensa, anota... sem se perder, tudo se repete.
Até que o tempo remedia e o verde e/ou azul logo aparece.

Problemas, tempestades, furacões, tudo grita fé,
Pois é vitória de quem é nascido de Deus, disse um tal João,
Por intermédio de um Nazaré, 
Quem o deu vida, antes e após a ressurreição.
Para nos mostrar como é que é,
Morrer para o mundo, bater no peito e dizer... Sou campeão!


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