Cuiabá – Aventuras na selva urbana



São aproximadamente 300 metros entre a UFMT e a Galeria Itália, trecho que parece uma eternidade à noite. A falta de iluminação próxima às obras do viaduto da Universidade e o histórico de crimes na região faz com que todos os pedestres que precisam fazer aquele trajeto, o realizem com o coração na mão.

Eram 20h de uma terça-feira. Por nós passaram algumas pessoas fazendo caminhadas e corridas, sempre acompanhadas. Ao atravessar a via de acesso à Universidade, em direção ao shopping, começa a oração para pedir a proteção de Deus, porque onde a segurança pública não atua, só os Céus pra te guardar.

Calçada em zigue-zague, cerca de 1m de largura, cercada por tapumes de 2m de altura, às vezes pisávamos em britas, outras em areia, um pequeno trecho de cimento e uma escada de madeira. Mas esse é somente um dos problemas que os cuiabanos têm enfrentado.

Há menos de um mês da Copa convivemos com uma situação que beira o caos, nas ruas e avenidas de Cuiabá. Com tapumes por todos os lados, a cidade verde se tornou marrom com tantas obras que caminham lentamente para o fim. Se deparar com uma situação dessas, às vésperas de receber torcedores de oito países tem tirado o sono de muitos cuiabanos.

Desde o início das obras duvidei que elas fossem ficar prontas até 2014, mas não por pessimismo, como alguns “amigos” costumam rotular. Conhecemos a vagareza com que caminha o poder público e a burocracia de licitações, as escolhas acertadas por determinadas empresas e infelizmente o “sumiço” de verbas, independente de Copa do Mundo.

Cuiabá materializa todas as teorias mencionadas acima pelo imenso canteiro de obras que se tornou. Assim, podemos ver que os desvios não são reais apenas nas ruas, mas nos cofres públicos. Em matéria divulgada na Folha de São Paulo, ontem (13.05), alguns moradores narraram os problemas que os turistas enfrentarão durante o evento.

Um deles é o transtorno no cartão de visita, o Aeroporto Marechal Cândido Rondon, que deve (propositalmente ambíguo) estar pronto para o Mundial, conforme informações da própria Secopa. A reportagem do site Mídia News afirma que a obra orçada em 77 milhões, já ultrapassou 81 milhões.

Mas, se é pra arregaçar então chutaram o balde. Já que o embarque e desembarque do transporte aéreo estão um caos, o terrestre então nem se fala. Táxis superfaturados e ônibus lotados. Quem sabe ainda dê tempo de fazer um intensivo de inglês para os motoristas dos coletivos, visto que esse substituirá o VLT, (Veículo Leve sobre os Trilhos da Estação em Várzea Grande), durante a Copa.

Apesar da visão negativa, acredito que quando estiverem prontas, as obras facilitarão muito o trânsito em Cuiabá e proporcionarão um desenvolvimento muito grande para a cidade, mas querer modernizar as avenidas mais movimentadas de uma única vez, sem um planejamento adequado, é estar preparado para passar por transtornos e receber críticas. 


Sem VLT, policiamento, iluminação, aeroporto, calçada, viaduto... Conseguimos voltar para a UFMT pelo mesmo caminho sãs, salvas e terminar a oração. Amém!

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